sábado, 11 de setembro de 2010

Plural

Pareço só, completamente,
Porque, quase sem sentir,
Me afasto do mundo…
E ainda assim, não sinto a solidão…
No existir fecundo
Onde tantas vezes me encontro,
Só nunca estou plenamente…
Sou a própria multidão!
E num tempo ausente
E sem espaço,
Pressinto que somente
Me conheço bem fundo
Quando, aqui, neste lugar
Por onde tantas vezes passo,
Serenamente permaneço e me deleito…
E embora não me assista qualquer definição,
Nele nada há e porém é completo:
É o ser e o estar,
O próprio êxtase, a pedra basilar,
A causa sem qualquer efeito,
A mais pura compreensão.
Pareço só, mas realmente
Sou, de um fogo-fátuo singular,
A sua mais plural expressão!

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