Acabou-se. Não quero brincar mais. Não quero mentir-te porque me minto. Não quero enganar-te porque me engano. Não quero iludir-te porque me iludo.
Não quero brincar mais às casinhas porque não sei onde é a minha casa. Não quero brincar aos carrinhos porque quero saber para onde vou sem me importar como.
Não quero brincar aos futebóis, nem às modas, nem às últimas tecnologias; se o fizer não passarei de uma bola arremessada ao acaso, de uma cópia plasmada, de um autómato imitativo programado para carregar em teclas e botões.
Não quero mais brincar às políticas porque serei escrava do interesse e magoar-te-ei em nome de um ideal que nem sequer professo. Não quero brincar às religiões porque os deuses são criações tuas e deles e não as quero para mim.
Não quero brincar aos amores, aos ciúmes e às invejas porque não quero amar as imagens que faço de ti, nem quero enciumar-me porque o sentimento não é exclusivo, e nem sequer invejar quem pensa que ama.
Não quero brincar mais aos críticos nem aos juízes, porque se te critico fecho os olhos ao meu preconceito e se te julgo deixo soltos e ignorados por esse mundo fora os meus vis defeitos.
Não quero brincar mais aos críticos nem aos juízes, porque se te critico fecho os olhos ao meu preconceito e se te julgo deixo soltos e ignorados por esse mundo fora os meus vis defeitos.
Não quero brincar mais às competições, nem às rivalidades nem às posições. Poderei ser melhor do que tu nisto ou naquilo mas por certo sou cem vezes pior e mais mesquinha em tantas outras; e serão os antagonismos e as posições que nos conferem autenticidade e carácter?
Não quero brincar mais à tolerância, à fraternidade e à solidariedade, porque ainda não aniquilei o meu egoísmo, ainda não me desfiz de interesses egocêntricos, ainda não tomei consciência de que não sou superior a ti.
Afinal, ainda não me conheço; como haveria pois de ousar pretender conhecer-te a ti?
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