sábado, 27 de outubro de 2012

“O Manual do Homem Novo” – Sexta Parte

(continuação)


Journey Along the Edge of Earth
Vladimir Kush

O começo e o final
 
Difunde estas palavras ditadas pela luz interior. Multiplica-as pelos seus próprios sons. Começa a fazê-lo. Di-las novamente com o seu próprio sentido na tua própria linguagem. Mesmo no silêncio. Acaba com as frases ditas só para passar o tempo. Acaba com as frases pensadas só para preencher os teus pensamentos. No silêncio da tua mente, a luz falará.
Acaba com as acções estereotipadas ou automáticas.
Estas palavras não são conselhos nem ditam regras. Deixam-te totalmente livre para que, com a tua própria atenção, descubras toda a verdade que te rodeia e que desprezas sem saber. Compreende simplesmente que estás semiadormecido, e esse será o começo e o final do despertar. Apercebe-te do que fazes, mesmo que o consideres de pouca importância. Apercebe-te naturalmente, sem tensão. A cada momento. Agora mesmo.
 
É quanto basta
Precisas de força, firmeza e flexibilidade, mas não para suportar melhor esta situação de comodidade apetecível, de rodopio absurdo, de ruído, de conversas insignificantes, de competitividade esmagadora.
A força utilizada para a tua adaptação já cumpriu a sua tarefa: produziu o homem velho. Olha-o com os olhos iluminados pela atenção serena. É quanto basta.
Ouve-o atentamente: é quanto basta para deixar transparecer o novo sentido que a tua firmeza tem.
Despojar-te. Abandonar-te. Saltar. Embrenhar-te no silêncio sem sentir autopiedade. Dar uma volta de 180° ao teu pensamento e às tuas actividades comuns de cada momento. Começar de novo. Sair dos escombros do passado para a luz menosprezada do presente é flexibilidade.
É quanto basta.
 
O umbral
Dizem-te para que serves, para que estás no mundo, o que deves fazer e como deves desfrutar. Mas isso deve ser pensado e decidido somente por ti próprio. Podes fazê-lo. Não temas. Acaba com os cartazes, os anúncios, os conselhos, a rádio, os jornais, a televisão e com qualquer outra coisa que te diga o que fazem os outros (comentários e notícias) e o que deves fazer ou como comportar-te em diversas situações (conselhos, propagandas, etc.). Acaba com o ruído. Destrói os limites do espaço e do tempo. Do tempo mental mais que do tempo do relógio. Não te intrometas na vida alheia, que é toda a vida que palpita fora da tua pele.
Impede relaxadamente que se intrometam na tua própria vida. És livre. Vive a tua liberdade o mais plenamente que possas. A comunhão é do homem novo, o intrometimento é do homem velho.
Deixa viver a liberdade alheia. Não aceites argumentos velhos nem conceitos repetidos que pretendam suavizar esta grande e indiscutível verdade que é tão-somente o umbral da porta da luz.
 
O corpo
Abandonaste as coisas que interferiam na actividade do teu corpo e da tua mente: álcool, tabaco e outras drogas, excesso de alimentos, conversas vãs, excesso de sons, e tudo aquilo que tu mesmo descobriste. Mas essa é uma parte muito pequena do processo de mudança. Não te detenhas nos esforços que te exigem as pequenas renúncias.
Que não haja esforço, abranda. Não pares no primeiro pequeno passo, o de libertar o teu corpo. Há um oceano de luz que te espera. Salta da tua escuridão. Lança-te no vazio.
 
Exemplos
Não peças exemplos de homens novos porque todo o exemplo limita a verdade ou deforma-a. Poderás reconhecer os homens novos que te rodeiam e ainda os que morreram quando tu próprio fores um. Hoje. Compreende de forma global. Abre a tua mente, serena e valentemente à luz. Não dês apreço à tua tristeza. Não a respeites. Não vivas a vida dos outros. Não vivas em segunda mão. Morre para os mexericos. Vive a tua própria vida. Os exemplos não podem ser mais do que velhos. O homem novo de ontem, hoje é velho e o seu caminho não é o teu. Não pode existir um exemplo que não seja do passado, mesmo que tenha surgido só do teu pensamento. Ignora os exemplos.
Não peças nada, entrega-te com tranquilidade. Pensa-o tu mesmo. Fá-lo tu mesmo. Agora. Compreenderás sem palavras.
 
(continua)

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