sexta-feira, 31 de maio de 2013

Monstros no Poder


A desumanidade ainda me surpreende, ainda me choca, ainda me agonia. Não porque não abundem os vis e tenebrosos exemplos neste mundo em franco declínio, mas porque, no mais recôndito do meu ser, albergo a esperança de um renascimento ainda que, talvez, num futuro demasiado distante...



Gina Rinehart Pede Esterilização dos Pobres



A multimilionária conservadora Gina Rinehart pediu hoje a esterilização dos pobres, argumentando que a única maneira de aliviar a pobreza é impedir as “classes desfavorecidas” de se multiplicarem.

Num vídeo carregado na sua conta oficial do You Tube, a herdeira mineira australiana disse que a desigualdade de rendimentos é causada por diferenças na inteligência e que a eugenia é a única solução.

“A nossa nação enfrenta uma grave crise económica visto que a combinação de um dólar australiano forte e a queda de preços das matérias-primas esgotam a nossa capacidade de competir globalmente,” explicou ela, “a única solução lógica para esta crise é fortalecer a qualidade do nosso recurso mais valioso: o capital humano. Penso que qualquer casal que ganhe menos de $100.000 por ano deveria ser esterilizado à força através de uma vasectomia ou da ligação da trompa de Falópio. Aqueles que ganhem mais do que $100.000 devem ser encorajados a ter 10 ou 12 filhos.
Somente eliminando o que não serve e concentrando-nos nos nossos trabalhadores mais inteligentes e mais eficientes é que podemos ter a esperança de derrotar os nossos rivais no mundo emergente”.


Herdar a Terra

Rinehart é a pessoa mais rica da Austrália e é considerada uma das mulheres mais ricas do mundo. A maior parte da sua fortuna vem de uma empresa mineira que herdou do seu pai e mais tarde se tornou líder na exportação de minério de ferro.

A sua fortuna prosperou durante o longo boom de exportação de matérias-primas da Austrália, mas está sob ameaça à medida que a economia chinesa abranda e os preços do minério de ferro caem. Somado às suas aflições está o ascendente custo de produção.

No final do ano passado, Rinehart fez um vídeo argumentando que os australianos precisavam de aceitar salários mais baixos porque as pessoas em África estavam dispostas a trabalhar por $2 por dia. Mas no vídeo de hoje ela parece ter-se apercebido que mesmo isso não seria suficiente.

“Pagar menos aos australianos é uma parte da solução, mas não pode ser a solução total. De nada serve pagar a alguém se esse alguém for demasiado preguiçoso, bêbedo e estúpido para operar convenientemente o nosso sofisticado equipamento mineiro. Portanto estou disposta a pagar um salário decente, desde que obtenha o filho de um médico e não o filho de um empregado de bar fracassado a viver da assistência social. O problema é que as classes desfavorecidas parecem estar a gerar pessoas inteligentes e eu não consigo encontrar em nenhum lado um trabalhador decente.
É aqui que entra o nosso governo. Ao impedir os pobres de procriar, podemos criar uma nova classe de australianos inteligentes, trabalhadores e bem pagos que forjem a nossa futura economia.”

Rinehart foi recentemente classificada em 16º lugar na lista da Forbes das mulheres mais poderosas do mundo, à frente da primeira-ministra australiana Julia Gillard.  A sua fortuna está estimada em mais de $21 mil milhões de dólares americanos.

Tradução: Isabel G


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Cegos? Distraídos?



Andamos cegos. E distraídos. Limitamos a vida segundo a segundo, olhando-a apenas nos seus aspectos mais triviais, aqueles que alimentam o prazer imediato, que nutrem o ego, que tolhem a reflexão. O interesse está circunscrito ao ciclo vicioso do desejo-satisfação/prazer-desejo. A actual visão hedonista e solipsista da vida diminui, de modo dramático, a capacidade do indivíduo experienciar a existência em toda a sua amplitude.

Esta visão redutora, que coloca os indivíduos num sulco rotineiro, onde a vida é talhada à medida das tendências da corrente dominante sem que disso eles se apercebam, se por um lado gera uma vivência cega e inconsciente na corda bamba, na eterna iminência do perigo, por outro, permite uma entrega voluntária e duradoura ao doce torpor da ignorância, à ilusão tomada por realidade.

Aprisionámos a percepção numa torre de marfim. Programámos a inteligência apenas para o jogo-de-cintura exigido pelo quotidiano fútil, pleno de objectivos supérfluos e de necessidades inventadas. Calámos a voz interior para que não constituísse contrariedade. E fechámos os olhos, cegámo-los à força, para não vermos nada mais que os fátuos clarões do chamado progresso.

Mudos porque calámos as palavras da alma, surdos porque amordaçámos a voz da consciência e a voz do silêncio, cegos porque nos deixámos ofuscar pela monumental ilusão do transitório. Como se tal não bastasse, deitámos ainda mão da distracção. E a distracção, essa grande fingidora, é o garante de que “tudo está bem” e que “nada se passa fora do dito sulco”!

Há que abrir os olhos. Os da cara e os da alma!

Se os abríssemos, e se nos atrevêssemos a olhar para cima, talvez descobríssemos coisas “novas”. Talvez nos questionássemos quanto ao que fazem aqueles rastos no céu…


Talvez nos interrogássemos sobre o porquê de uns jactos deixarem rastos de condensação que quase logo desaparecem, e outros deixarem estranhos rastos que perduram, que se espessam, que se alargam, que vão pintando o céu de um ténue mas triste cinzento…



Talvez nos surpreendêssemos com os padrões desenhados no céu (em rede, ou em múltiplas paralelas) e achássemos que os padrões de voo não são normais…



Talvez considerássemos esquisito que alguns aviões consigam descontinuar e continuar esses rastos…


Talvez achássemos que a afluência de aeronaves numa determinada hora de um determinado dia é inusitada…


Talvez nos sentíssemos impelidos pela curiosidade despertada e tentássemos saber o que se passa. Então contactaríamos as autoridades aéreas mas ouviríamos explicações pueris. Contactaríamos os meios de comunicação social que se mostrariam totalmente desinteressados. Perante o muro intransponível que se iria erguendo, investigaríamosprocuraríamos informação, buscaríamos explicações. E como gotas de chuva dispersas, porém filhas da mesma nuvem, causas e origens iriam surgindo. Surgiriam factos, dúvidas e muita desinformação. E os olhos da cara começariam a abrir-se. Os da alma também.

É implacável a marcha destruidora do Homem sobre a Terra. Inexorável o seu desejo de supremacia sobre a Natureza. Infame a sua desmedida ambição. Patética e grosseira a sua sede de controlo. Mas nem assim deixamos de ser cegos e distraídos, surdos e mudos.


Nota: Todas as fotografias foram tiradas por mim, nos céus do norte de Portugal, entre Outubro de 2012 e Maio de 2013.

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