segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Reflexo

Pensa-se que se é o que de si próprio se vê. Pensa-se que se é o nome que se tem. Ou a profissão que se tem. Ou a família que se tem. Ou a riqueza que se tem. Ou a pobreza. Pensa-se que se é o rosto, o corpo que se tem. Pensa-se que se é a imagem que de si próprio se vê reflectida no espelho.  

Pensa-se que se se mudar o que de si próprio se vê, se vai ser diferente. 

E pensa-se que o que se vê do outro é o que o outro é. 

Mas não é de todo assim. O reflexo da lua na água não é a lua. É a imagem dela. E uma imagem não tem qualidades, não tem essência, não tem profundidade. 

Portanto insisto nisto: que quando me olho no espelho, aquela que vejo reflectida não sou eu. Não sou, não senhor. Como poderia ser eu se aquela cara, aquela compleição, jamais me vêm à mente quando sinto, quando penso, quando olho, quando reflicto? Eu sou sem rosto, sem corpo. E a imagem que vejo reflectida no espelho é apenas a imagem que os outros têm de mim.

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