segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Nevoeiro

O dia foi como quase todos os outros. Enfrentar a estupidez, o fingimento. Responder com a deixa mais adequada ao papel que cada um gosta de representar. Engolir sapos também faz parte. E fazer de conta que não se entende a intenção também. E por tudo isto, o esforço da minha própria representação.

Como gostaria de poder gritar que não faço parte de tudo isto. Que a minha vida não passa por aqui. Que ainda que me vejam como mais uma pessoa apenas, eu não sou essa imagem que de mim têm.
Fez sol. Choveu. Voltou a fazer sol e a chover. Abateu-se a noite e com ela as interrogações, as dúvidas. Chegou, como chega todos os dias, todas as noites, a inquietação. Um desassossego sem fim. Um sem-sentido que há que disfarçar com a dolorosa  atitude do politicamente correcto.
Com o sol que desponta parece haver uma esperança. Com a chuva que cai, ora forte, ora dengosa, um estremecimento da alma que não encontra paz. Com o azul do céu, uma possibilidade. Com o cinzento de que por vezes se veste, uma angústia que parece duradoura.
Já noite dentro, adensou-se um súbito nevoeiro. Desaparecerá com a aurora.
E o nevoeiro que preenche o meu ser, alguma vez se dissipará? 

1 comentário:

  1. Isabel, entendo desse nevoeiro... :)
    Acho que ele só vai se dissipar quando se dissiparem todas as minhas expectativas. É isso o que atrapalha a serenidade da alma. Termos expectativas. Como é difícil nos livrarmos delas!

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