quinta-feira, 25 de outubro de 2012

“O Manual do Homem Novo” – Quarta Parte


(continuação)

Waiting for Luck - Vladimir Kush

Interpretação intelectual

Estas palavras, como qualquer coisa que exista, podem ter um imenso significado para quem realmente abriu os olhos e tem a mente e o coração bem despertos. Estas mesmas palavras, escolhidas, memorizadas ou interpretadas meramente com o intelecto, carecem de todo o valor. Não analises estes parágrafos. Tenta compreender subitamente a sua derradeira essência. Mesmo aquele que não lê estas palavras, mas que abriu a torrente infindável e profunda da sua vigilância lassa, é capaz de compreender. Mas se estas palavras servem para que aumente o brilho da tua luz, bem-vindas sejam.
Serenamente, com um suave sorriso interior, contempla tudo: verás qual é o lugar que ocupas dentro desse grande conjunto, e surgirá a tua acção essencial, verdadeira, que não poderá ser uma atitude vulgar, fugaz e superficial. 
 
Agora mesmo
Desejas começar de novo a tua vida. Pois não esperes mais. És tão capaz como qualquer outro ser humano.
Diminui a tua porção de alimentos para metade. É suficiente. Que o teu alimento seja natural. Caminha o dobro. Faz algo com as mãos. Destrói tudo o que o teu cérebro está a produzir e volta a construí-lo totalmente de novo.
Fala o menos possível, especialmente de ti mesmo e da vida privada das outras pessoas. Não te intrometas na vida daqueles que te rodeiam. Vive a tua própria vida e deixa que cada um viva a sua. Não és dono de ninguém e ninguém é teu dono.
O amor não nos dá nem direitos nem deveres.
Ouve toda a gente, não só com os ouvidos mas também com os teus sentimentos, isto se não permitiste que esta torpe civilização tos destruísse (tanto os ouvidos como os sentimentos).
A sós, olha frequentemente para o horizonte: assim não esquecerás que o céu ainda se pode unir à terra. Não pretendas ver nada, olha atenta e espontaneamente para tudo aquilo que for surgindo em cada um dos teus momentos. Não procures ouvir nada, apenas ouve com tranquilidade, sem fazer parte da confusão, das bisbilhotices, do ruído, e da frivolidade trivial que te rodeia. O silêncio também te pode curar.
Pensa se tudo o que possuis é realmente necessário para a tua sobrevivência.
Pensa por que não és capaz de sentir prazer com a simples satisfação das tuas necessidades. Pensa, uma vez que seja, muito seriamente se algo do que fazes (ou a maneira como o fazes) está a destruir a tua serenidade e a tua alegria. Lembra-te que a tua tranquilidade e a tua capacidade de desfrutar são muito importantes para o bem-estar de todos os que te rodeiam.
Aceita todas as pessoas tal como são, não pretendas mudar ninguém, mas não temas ser diferente delas. Não procures causas para sentir alegria em estar vivo. Tudo pode ser começado de novo. Onde? E onde mais senão dentro de ti mesmo?
Força! Podes fazê-lo. Podes fazê-lo! Não argumentes. Dentro do próximo minuto podes vir a transformar-te num Ser Humano.
Vamos! Salta!... Salta agora mesmo! 
 
Confusão e conselhos
Ouviste, certamente, muitas vezes conselhos iguais ou parecidos a este: “Olha só que monstros, como se destroem! Como se devoram uns aos outros! Nunca sejas como eles, e quando vires um, destrói-o e devora-o!”. A confusão é polimorfa. Pode tomar o aspecto de qualquer coisa. Somente a tua luz interior, desmascarada somente por ti próprio num momento de coragem, pode identificar a subtileza da confusão e das suas múltiplas aparências. Já se disse demasiado para enriquecer a confusão. Só resta recorrer implacavelmente ao silêncio. Só um homem independente é capaz de amar. Por isso, para amares a tua família, torna-te independente dela. E para amar o teu cônjuge, também deves conceder-te independência.
Só um homem livre é capaz de Saber. Mas para saber tens que libertar-te de todo e qualquer cerco, doutrina ou instituição. À acção (ou inacção) essencial e ao pensamento (ou falta de intelectualização), que são a essência da vida sã, alegre e verdadeira, os confusos chamam-lhes “fanatismo”, “loucura” e muitas outras coisas. 
 
Por causa alguma
A vida é algo assim como um milagre. Cada segundo da tua vida é uma quase incrível maravilha e esse mesmo segundo é alimentado por essa tua luz, quer a vejas quer não. E não outro segundo: este mesmo instante. Vive-o, não o mates com sons nem palavras. Não o escureças nem sequer com a luz. Não largues por causa alguma a oportunidade de viver este instante plenamente. Ilumina-te. Renasce. És absolutamente capaz de o fazer. Aqui mesmo. ! Não deixes vazio o teu caminho para a Luz nem um só segundo. 
 
Semelhanças
O homem velho tem as mesmas capacidades que tu. A mesma energia potencial, quase a mesma arquitectura básica, mas ele esmagou tudo isso a cada segundo da sua vida, com as distracções da realidade, com a falta de atenção, aceitando sem dúvidas as regras e a moral imperantes, perpetuando um passado absurdo, limitando o espaço, limitando o tempo, limitando-se. Não sufoques isso que está dentro de ti. Permite que cresça. Morre agora mesmo, em vida, e volta a nascer no próximo instante. E a cada segundo da tua nova vida, dá vida a todo o teu potencial.
Ilumina-te. Expande a tua essência.
 
(continua)

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