(continuação)
Waiting for Luck - Vladimir Kush |
Interpretação intelectual
Estas
palavras, como qualquer coisa que exista, podem ter um imenso significado para
quem realmente abriu os olhos e tem a mente e o coração bem despertos. Estas
mesmas palavras, escolhidas, memorizadas ou interpretadas meramente com o
intelecto, carecem de todo o valor. Não analises estes parágrafos. Tenta
compreender subitamente a sua derradeira essência. Mesmo aquele que não lê
estas palavras, mas que abriu a torrente infindável e profunda da sua
vigilância lassa, é capaz de compreender. Mas se estas palavras servem para que
aumente o brilho da tua luz, bem-vindas sejam.
Serenamente,
com um suave sorriso interior, contempla tudo: verás qual é o lugar que ocupas
dentro desse grande conjunto, e surgirá a tua acção essencial, verdadeira, que
não poderá ser uma atitude vulgar, fugaz e superficial.
Desejas
começar de novo a tua vida. Pois não esperes mais. És tão capaz como qualquer
outro ser humano.
Diminui
a tua porção de alimentos para metade. É suficiente. Que o teu alimento seja
natural. Caminha o dobro. Faz algo com as mãos. Destrói tudo o que o teu
cérebro está a produzir e volta a construí-lo totalmente de novo.
Fala o
menos possível, especialmente de ti mesmo e da vida privada das outras pessoas.
Não te intrometas na vida daqueles que te rodeiam. Vive a tua própria vida e
deixa que cada um viva a sua. Não és dono de ninguém e ninguém é teu dono.
O amor não nos dá nem direitos
nem deveres.
Ouve toda
a gente, não só com os ouvidos mas também com os teus sentimentos, isto se não
permitiste que esta torpe civilização tos destruísse (tanto os ouvidos como os
sentimentos).
A sós,
olha frequentemente para o horizonte: assim não esquecerás que o céu ainda se pode
unir à terra. Não pretendas ver nada, olha atenta e espontaneamente para tudo
aquilo que for surgindo em cada um dos teus momentos. Não procures ouvir nada,
apenas ouve com tranquilidade, sem fazer parte da confusão, das bisbilhotices,
do ruído, e da frivolidade trivial que te rodeia. O silêncio também te pode curar.
Pensa
se tudo o que possuis é realmente necessário para a tua sobrevivência.
Pensa
por que não és capaz de sentir prazer com a simples satisfação das tuas
necessidades. Pensa, uma vez que seja, muito seriamente se algo do que fazes
(ou a maneira como o fazes) está a destruir a tua serenidade e a tua alegria. Lembra-te
que a tua tranquilidade e a tua capacidade de desfrutar são muito importantes
para o bem-estar de todos os que te rodeiam.
Aceita
todas as pessoas tal como são, não pretendas mudar ninguém, mas não temas ser
diferente delas. Não procures causas para sentir alegria em estar vivo. Tudo
pode ser começado de novo. Onde? E onde mais senão dentro de ti mesmo?
Força! Podes fazê-lo. Podes fazê-lo! Não argumentes. Dentro do próximo minuto podes vir a transformar-te
num Ser Humano.
Vamos!
Salta!... Salta agora mesmo!
Ouviste,
certamente, muitas vezes conselhos iguais ou parecidos a este: “Olha só que
monstros, como se destroem! Como se devoram uns aos outros! Nunca sejas como
eles, e quando vires um, destrói-o e devora-o!”. A confusão é polimorfa. Pode
tomar o aspecto de qualquer coisa. Somente a tua luz interior, desmascarada
somente por ti próprio num momento de coragem, pode identificar a subtileza da
confusão e das suas múltiplas aparências. Já se disse demasiado para enriquecer
a confusão. Só resta recorrer implacavelmente ao silêncio. Só um homem
independente é capaz de amar. Por isso, para amares a tua família, torna-te
independente dela. E para amar o teu
cônjuge, também deves conceder-te
independência.
Só um homem livre é capaz de
Saber. Mas
para saber tens que libertar-te de todo e qualquer cerco, doutrina ou
instituição. À acção (ou inacção) essencial e ao pensamento (ou falta de intelectualização),
que são a essência da vida sã, alegre e verdadeira, os confusos chamam-lhes “fanatismo”,
“loucura” e muitas outras coisas.
A vida
é algo assim como um milagre. Cada segundo da tua vida é uma quase incrível maravilha
e esse mesmo segundo é alimentado por essa tua luz, quer a vejas quer não. E
não outro segundo: este mesmo instante. Vive-o, não o mates com sons nem
palavras. Não o escureças nem sequer com a luz. Não largues por causa alguma a
oportunidade de viver este instante plenamente. Ilumina-te. Renasce. És
absolutamente capaz de o fazer. Aqui
mesmo. Já! Não deixes vazio o teu
caminho para a Luz nem um só segundo.
O
homem velho tem as mesmas capacidades que tu. A mesma energia potencial, quase
a mesma arquitectura básica, mas ele esmagou tudo isso a cada segundo da sua
vida, com as distracções da realidade, com a falta de atenção, aceitando sem
dúvidas as regras e a moral imperantes, perpetuando um passado absurdo,
limitando o espaço, limitando o tempo, limitando-se. Não sufoques isso que está
dentro de ti. Permite que cresça. Morre
agora mesmo, em vida, e volta a nascer no próximo instante. E a cada
segundo da tua nova vida, dá vida a todo o teu potencial.
Ilumina-te. Expande a tua
essência.
(continua)
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