White Horse Wind - Marcia Baldwin |
De
vez em quando é preciso parar. É preciso consolidar propósitos, espanar
recantos, cortar pontas soltas. Uma pausa na rédea solta do pensamento é a
diferença entre manter a lucidez ou enveredar pela insanidade global. O ruído e
o movimento do dia-a-dia podem parecer um fogoso e belo corcel galopando ao
sabor de atractivos e contagiantes ventos. Mas há que saber puxar as rédeas a
tempo, não vá o belo animal tomar o freio nos dentes e levar-nos
desenfreadamente por caminhos sombrios e tortuosos.
Uma
pausa tranquila sob a sombra da árvore da percepção e do discernimento, o
corcel bem atado ao seu velho e possante tronco, um entrecerrar dos olhos para
que a luz exterior não ofusque a que de dentro vem chegando, é tudo o que é
preciso para sair da influência destrutiva do desabrido cavalgar quotidiano. Arrestado
o pensamento, abafada toda e qualquer palavra que teime em expressar-se, numa
entrega incondicional e profunda ao grande silêncio e a uma muito desejada solidão,
surgem então um poderoso e estático movimento, uma assombrosa e construtiva
inacção, um existir inominável, que branda e firmemente renovam e fortalecem as
fundações originais.
Para
lá do sonho e da ilusória realidade do comum viver, ergue-se, do nada e no nada,
toda a sustentação do ser…
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