Cada vez mais a conduta individual correcta é necessária. A ordem instituída, a directriz seguida pelo ser humano ao longo dos séculos, tem incitado o ser humano a comportamentos colectivos, a acções em massa. A imponderação, o culto da imitação, que se reflecte em todas as áreas da vida, impede o pensamento individual, a análise individual, o autoconhecimento. A tendência é a cópia. A padronização, a metodologia, a sistematização ditam os comportamentos. Toda a educação, aliás, é dirigida para uma automatização insensível da vida.
As regras estabelecidas, as próprias leis, conduzem o ser humano por uma via inflexível, inerte, cristalizada que é em tudo diferente da própria vida. A vida é mudança, nasce nova e fresca a cada instante, e não é passível de classificação e regulamentação. Cada aspecto da vida, cada manifestação, cada mutação é única. Como se pode, pois, sujeitá-la a regulamentos? Como é possível ordená-la, qualificá-la e dividi-la em grupos, em classes, em ordens? Nega-se-lhe a sua qualidade criativa quando assim se procede. E vida é criação.
Se analisarmos a história do homem, recuando tanto quanto é possível aos olhos da ciência, a única constatação possível é que o ser humano não aprende com as provações, com as experiências. Insiste imbecilmente nos mesmos erros cometidos há milhares de anos, e não fora pelo avanço tecnológico, que é apreciável, continuar-se-ia na barbárie de há milénios atrás. Não é pois o avanço tecnológico o factor primordial para retirar o homem do seu estado básico, primitivo e bárbaro. Só a tomada de consciência individual o poderá fazer.
Se antes se matava com pedras, com espadas e com canhões, hoje mata-se com armas sofisticadas, com bombas e mísseis cirurgicamente direccionados, com estratégias infalíveis e mortíferas mal-usando a tecnologia. Se antes se conquistava e se oprimia com a força bruta, hoje conquistam-se mercados, oprimem-se povos em nome da economia e da tecnologia. Se antes a sede de poder se expressava na voz terrível da violência, hoje esquece-se a violência da competitividade e até se incute desde tenras idades.
Quando se aprenderá? Quando cessará o culto do egoísmo colectivo? Quando se tomará consciência, consciência individual, da cruel e malévola infância que o homem vive? Quando se compreenderá que a mudança individual é a única via? Existirá alguma vez a coragem, em cada indivíduo, de por si mesmo e sozinho, pôr cobro ao comportamento irreflectido e robotizado que o tem conduzido? Alguma vez o ser humano almejará a maturidade? Alguma vez verá que a única evolução viável consiste na transformação qualitativa individual?
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