quarta-feira, 5 de junho de 2013

Buscas e Legados




A solidão é o destino do buscador. Porque o buscador sai do caminho traçado. Porque o buscador questiona e atreve-se a refutar o irrefutável. De algum modo, mais ou menos subtil, mais ou menos evidente, o buscador é posto à margem da marcha estereotipada da sociedade. Para esta, o buscador é um louco, vive no “mundo da lua” e só diz disparates.

A solidão é o destino do buscador. Mas a sua solidão não é o estar só porque não tem ninguém. A sua solidão é estar só no mundo inteiro, no cosmos inteiro, e ainda que só, sentir o pulsar da alma dos outros buscadores. O que é, afinal, não estar só.

Por vezes, muito poucas no decorrer de toda uma vida, o buscador tem a sorte de encontrar outro buscador e de com ele aprender. Para o primeiro é uma bênção, um alumiar do caminho. Para o segundo, será por certo uma bênção alumiar o caminho de alguém.

Abraham Gonzalez, no seu blogue – El Rapto de Psique - e nos seus livros[i], demonstrando um vasto conhecimento, com humor e uma extraordinária abrangência, faz-nos descobrir o essencial e o eterno por entre toda a complexidade do conhecimento humano. E faz mais ainda: toma-nos da mão e faz-nos viajar quer pelos recônditos da alma humana, quer por toda a estrada da sabedoria perene que a humanidade, ofuscada pelos brilhos da superficialidade, preferiu deixar repousar num quase opaco esquecimento. Abraham acompanha-nos por essa estrada e resgata do olvido tudo aquilo que o Homem jamais deveria ter deixado para trás.

Entrar no mundo de Abraham Gonzalez é, para o buscador, tornar mais amplo e mais iluminado o seu caminho. É saber que, na sua manifesta solidão, não está, e nunca estará, só.

Eis um capítulo extraído do seu livro “Simplemente Ocurre” e que é, como o próprio título indica, um verdadeiro legado:

"Legado



Após algum tempo aprenderás a diferença entre dar a mão e socorrer uma alma, e aprenderás que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre quer dizer segurança.

Começarás a aprender que os beijos não são contratos, nem prendas, nem promessas… começarás a aceitar as tuas derrotas com a cabeça erguida e o olhar em frente, com o encanto de uma criança e não com a tristeza de um adulto, e aprenderás a construir hoje todos os teus caminhos, porque o terreno do amanhã é incerto para os projectos e o futuro tem o hábito de cair no vazio.

Depois de um tempo aprenderás que o sol queima se te expões demasiado… aceitarás inclusivamente que as pessoas boas podem magoar-te alguma vez e precisarás de perdoá-las…

Aprenderás que falar pode aliviar as dores da alma… descobrirás que leva anos a construir a confiança e apenas um segundo destrui-la, e que tu também poderás fazer coisas das quais te arrependerás o resto da vida. Aprenderás que não temos de mudar de amigos se estivermos dispostos a aceitar que os amigos mudam. Dar-te-ás conta de que podes passar bons momentos com o teu melhor amigo a fazer qualquer coisa ou simplesmente nada, somente pelo prazer de usufruir da sua companhia.  

Descobrirás que muitas vezes julgas superficialmente as pessoas que mais valor têm para ti, e por isso devemos dizer a essas pessoas que as amamos porque nunca teremos a certeza de quando será a última vez que as vamos ver.

Aprenderás que as circunstâncias e o meio que nos rodeia têm influência sobre nós, mas nós somos os únicos responsáveis pelo que fazemos. Começarás a aprender que não devemos comparar-nos com os outros salvo quando quisermos imitá-los para sermos melhores. Descobrirás que leva muito tempo para chegares a ser a pessoa que queres ser, e que o tempo é curto.

Aprenderás que não importa onde chegaste, mas sim aonde te diriges...

Aprenderás que se não controlas os teus actos serão eles a controlar-te e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, porque não importa o quão delicada e frágil é uma situação: sempre existirão dois lados. Aprenderás que heróis são aqueles que fizeram o que era necessário, enfrentando as consequências... aprenderás que a paciência requer muita prática.

Descobrirás que por vezes, a pessoa que esperas que te pontapeie quando caíres talvez seja uma das poucas que te ajudem a levantar. Amadurecer tem mais a ver com o que aprendeste das experiências do que com os anos vividos. Aprenderás que há muito mais dos teus pais em ti do que aquilo que supões.

Aprenderás que nunca se deve dizer a uma criança que os seus sonhos são parvoíces porque poucas coisas são tão humilhantes como esta e seria uma tragédia se ela acreditasse.

Aprenderás que quando sentes raiva, tens direito a tê-la, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobrirás que só porque alguém não te ama da maneira que tu queres, isso não significa que não te ame tudo o que pode, porque há pessoas que nos amam mas que não sabem demonstrá-lo... Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, por vezes terás de aprender a perdoar-te a ti próprio.

Aprenderás que com a mesma severidade com que julgas, também serás julgado e – em algum momento – condenado. Aprenderás que não importa em quantos pedaços se partiu o teu coração, o mundo não pára para que o consertes.

Aprenderás que o tempo não é algo que possa voltar atrás, portanto, deves cultivar o teu próprio jardim e adornar a tua alma, em vez de esperar que alguém te traga flores.

Então, e só então, saberás realmente o que podes suportar; saberás que és forte e que poderás ir muito mais longe do que pensavas quando acreditavas que não se podia ir mais. E que a vida tem valor quando tens a coragem de enfrentá-la."

Em “Simplemente Ocurre”
Tradução: Isabel G


Gracias, Abraham!



[i] Para saber mais sobre os livros de Abraham Gonzalez, visite o blogue e/ou contacte o autor, ou ainda visite o Scribd.


7 comentários:

  1. Ahora también es tu legado. Gracias por compartirlo y que alcance a más almas. Obrigado :)

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    1. Gracias, Abraham, pero el mérito sigue siendo todo suyo! Y sí, ojalá alcance muchas más almas!

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  2. Tem tanto mérito quem compartilha um belo texto como este, quanto quem é seu autor. Pois o autor não escreve para que sua mensagem fique escondida. Quem espalha as boas sementes é uma alma que merece estar entre as mais nobres.
    Parabéns, Isabel, pela escolha do texto "Legado" e por sua bela mensagem ao início da postagem.
    Beijinhos,
    Sônia

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    1. Minha querida amiga Sonia, a sua extrema sensibilidade e a sua sensatez nunca deixam de me surpreender!

      Beijinhos!

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  3. Olá Isabel,

    adorei este texto tão verdadeiro, mas não sabia o seu autor.

    Muito obrigada aos dois!

    Olha, vou te deixar aqui um documentário que poderá salvar vidas, tal como prova (já não existe no youtube):


    Parte 1/5: http://www.facebook.com/video/video.php?v=382452725112759
    Parte 2/5: http://www.facebook.com/video/video.php?v=382505241774174
    Parte 3/5: http://www.facebook.com/video/video.php?v=382634578427907
    Parte 4/5: http://www.facebook.com/video/video.php?v=382670945090937
    Parte 5/5: http://www.facebook.com/video/video.php?v=382700525087979


    beijinhos e forte abraço

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    1. Querida aNatureza, perdoa-me a deselegância de não te ter ainda respondido. Quando li este teu comentário decidi, de imediato, ver os vídeos e só depois agradecer-tos. Mas, o tempo, esse malandro, que tem vida própria e estica e encolhe a seu bel-prazer, conseguiu que os não visse. Os agradecimentos, claro está, ficaram no esquecimento.

      Mas hoje decidi vê-los, ou melhor, estou a vê-los e estou a gostar do que vejo. Por isso, querida amiga, muito obrigada!

      Abraço enoooooorme!

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  4. Pois é Isabel, o tempo correeeeeeeee. Não tem de quê e não te preocupes com os agradecimentos e respostas.

    Afinal, estás a ver, que é o que importa. Conhecimento para depois ir praticando. É fácil perceber e faz todo o sentido, mas romper com práticas de que gostamos mas que são erradas e nos põem com muito menos saúde, é um pouco mais difícil. Mas o mais importante é dar o 1º passo e continuar com a velocidade que acharmos.

    Sei hoje, que a alimentação ideal para nós é a que não é cozinhada, mas para isso há que saber o quê. Nem tudo o que comemos, podemos comer cru. Quanto mais próxima do natural, melhor e nada (ou pelo menos consumirmos o mínimo) de processados de indústria. Há muito que explorar sobre a luz destes conhecimentos. Gostava muito de praticar tudo o que já concluí até agora, mas o meu/nosso paladar ainda está muito deturpado. É que tb temos na nossa memória os paladares da infância que são "confortáveis".

    O principal, é que ainda temos escolha, pois ainda temos abundância (por enquanto, pelo menos), não se trata de sobrevivência. Além disso, frutas e legumes da época, são alimentos baratos e por mais químicos que levem, acho que não se comparam aos alimentos processados . Estamos é mal acostumados. "Adoptemos" agricultores, em vez de industriais.

    O ideal: mais nutrientes por caloria do que calorias sem nutrientes.

    E quanto à economia, este modelo, que vá às favas!


    Viva a Vida!

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