sábado, 14 de abril de 2012

Perguntas Que Não Se Fazem

The Mirror - Frank Markham Skipworth (1854-1929)

Eramos mais que uma meia dúzia. O ruído da conversa banal de hora de almoço, apesar de persistente, não penetrou as defesas que o meu pensamento há muito havia criado para protecção dos seus raciocínios. Subitamente, incapaz de resistir à força da curiosidade suscitada por um pensamento que me habitava havia uns dias, sem quaisquer preâmbulos, disparei:
- Meus caros, por acaso alguma vez se lhes assoma à mente a pergunta “Quem sou eu?” ou “Porque existo?” ou “Que raio ando eu aqui a fazer?”
Os primeiros segundos foram de profundo silêncio.
- E então? Alguma vez fizeram a si próprios este tipo de perguntas? - insistia eu.
- Existo porque penso – retorquiu alguém.
- Não, não é isso – a minha voz denotava impaciência – não quero que me respondam a essas perguntas, quero que me digam se as fazem a vocês próprios. Quero saber se se questionam dessa maneira…
Por entre a silenciosa resposta da maioria, dada com um simples abanar de cabeça em sinal de negação, alguém declara:
- Eu é mais o contrário: penso que vale a pena existir por causa de certas coisas da vida…
Seguiu-se a óbvia gargalhada geral. Segundos passados apenas e já se havia retomado a conversa banal no banal clima de boa disposição.
Olhei em volta. Vi sorrisos. Constatei a boa disposição.
No silêncio que me impus surgiu-me outra questão: serei eu a única que se entristece com a ligeireza com que a maioria das pessoas considera a vida? A única que se assombra com a infinidade de perguntas todavia por responder?

6 comentários:

  1. Olá Isabel...

    Realmente! O que te passou na cabeça por breves instantes foi grave... Isso é coisa que se pergunte, ainda por cima na hora do trinca-trinca?!

    Ninguém se engasgou?

    O silêncio, que tão bem descreves, produziu de imediato a imagem que me assolou o espírito... Esta!

    Quando algum ruído estranho é sentido todos param e ficam em alerta por breves instantes antes de retomarem a actividade interrompida!

    Desculpa a comparação mas para o meu cérebro é inevitável (sou LoUcO)

    E quando nos temos que impor ao silêncio, isto é apenas sinal que que somos a minoria sã no meio de insanos, distraídos pela luzes da bajulação!

    Bjhs... e bom silêncio!

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  2. Bom dia Voz! Realmente só tu para me fazeres rir logo pela manhã num dia cinzento como o de hoje! :)

    Mas tens toda a razão: não sei o que me passa pela cabeça de vez em quando para achar que a maioria perde tempo com semelhantes cogitações...

    Beijinhos

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  3. É difícil para o comum dos humanos questionar-se, quem somos e porque existimos.
    O Ser humano cada vez mais, é uma pedra de um jogo num enorme tabuleiro. Achando que controla a sua própria vida, mas que são movimentados a fazer um caminho que nem sabe para quê nem porquê. Funcionando como autenticas marionetas. Nem imitar o Pinóquio sabem,embora mentiroso ia fazendo o que queria.
    Minha Cara, o Ser humano, com vontade própria, já foi, agora passou haver mais instrução mas menos sabedoria. O riso actualmente tem sido a resposta para a ignorância.

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    1. Não lhe tiro a razão, caro Anónimo. Infelizmente é como diz, a grande maioria das pessoas vivem como marionetas. Mas há uma minoria, uma ínfima minoria, que se questiona e que busca a sabedoria! E quem sabe se essa minoria não poderá ajudar a despertar os dormem à sombra da ignorância! Há que tentar, pelo menos...

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  4. Há que tentar! E esse é o meu caminho.
    Isabel, não me assusta perguntas sem respostas, teremos sempre, assusta-me mais que não haja perguntas...

    Como eu te entendo.

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    1. Sábias palavras, aNatureza! Se houvesse mais perguntas, talvez o mundo não estivesse tão caótico, talvez não fosse tão cruel...

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