Por vezes é um verdadeiro corrupio
Quando me ponho a pensar;
Não que eu queira, que nem sempre quero,
Mas o pensamento desabrido,
Qual mero vento de Inverno, repentino e arredio,
Leva-me p’ra longe, muito p’r’álem do ser e do estar!
Então penso um pensar viçoso, vivo, colorido,
Com aquela qualidade fresca e renovada
Que tem uma folha nova, na Primavera, logo depois de ter nascido!
Inebriada vou ao sabor do vento
Que de sopro em rajada me leva céu adentro!
Parece então que deixo de respirar
Tal é a pressa que o vento tem de cavalgar, endiabrado,
Nas nuvens e nas ondas de um mar não mapeado;
É como se fosse uma tarde de Verão este pensamento,
Daquelas que, quentes e possantes, nos deixam lassos;
Não há como resistir: fecho os olhos, abro-lhe os braços
E a ele me entrego de coração!
Mas a páginas tantas enruga-se-me o pensamento:
Parece que fica sem vida, descolorido, inútil, amarelento,
Tão sem sentido como uma folha no Outono
Depois de ter caído.
Por terra, ali fico numa inércia sem fim…
Mas eis que então, como se fosse um alerta,
Sopra ligeiro um vento que me desperta e me faz voar…
E quando dou por mim, queira ou não queira,
Lá estou eu de novo a pensar!
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