Olhei para o parque de estacionamento. O usual. Lugares
normais, uma boa dúzia deles, e dois lugares para aqueles considerados deficientes.
Começaram a chegar. A primeira besta que apareceu, montada num belo carro,
achou por bem estacionar por cima da linha divisória. Uma ocupação menor do que
dois lugares seria inconcebível para egos que se espelham em veículos
automóveis e smart phones. A segunda
besta chegou, também num bom carro, acelerado e com pressa, tal como convém a
quem se tem por importante. Estacionou na diagonal, ocupando dois lugares. Saiu
à pressa do carro, boné com a pala para trás, calças a escorregar pelas nádegas
abaixo. A terceira e a quarta bestas, muito, muito deficientes a nível neuronal, estacionaram placidamente, nos lugares destinados aos deficientes motores, os seus BMW e Mercedes respectivamente. A quinta e última besta (não tive paciência nem estômago para
continuar a minha curiosa observação) entra no parque em contra-mão. Procurando
um lugar que tardava em encontrar, continuou pelo parque fora sempre no sentido
contrário das setas pintadas no chão.
Esta bestialidade será só epíteto dos
lusos ou estender-se-á por esse mundo fora?
Olá Isabel,
ResponderEliminarrespondendo a sua pergunta posso assegurar-lhe que aqui no Brasil é bem isso o que acontece, também!
Beijos,
Sônia
Pois é, caríssima Sônia, parece que, infelizmente, um descomunal manto de egoísmo cobriu o mundo inteiro. Perderam-se os valores, os princípios, o amor ao próximo. Temo que a humanidade caminhe a passos largos para uma situação sem retorno.
EliminarBeijinhos minha amiga!
Isabel
São bestialidades mas não somente lusas. Depois de muitos anos de ditadura foi-nos dada a beber toda a liberdade de uma só vez... e isso produziu este efeito, não nos tendo matado (como mataria alguém que tivesse estado muito tempo sem beber e quisesse saciar a sede de uma só vez), mas adoeceu-nos. Tornámo-nos egocêntricos – parece que nada mais conta a não ser o indivíduo e não o conjunto de indivíduos. Ao contrário dos países do norte da europa deixamos de ter regras ou compromissos fosse com o que fosse – não existe o velho ditado “A nossa liberdade começa onde termina a dos outros.” Senão veja-se a título de outro exemplo que espelha a bestialidade a que chegámos: ainda me lembro que na minha infância e ainda até na adolescência se existia alguém que de repente necessitava de aliviar a bexiga (nomeadamente do sexo masculino), e à falta de cafés ou outros locais onde o poder fazer, procurava encontrar um lugar escondido de qualquer transeunte para o poder fazer – agora, à frente de qualquer um, encontramos novos e idosos a fazerem-no e temos que ser nós (os transeuntes) a desviar o olhar com vergonha do espetáculo degradante a que podemos assistir. O nosso país desenvolveu-se felizmente muito em quase tudo, mas tentou saciar a sede de liberdade de uma forma tão abrupta e sem rumo que perdeu a educação cívica – essa desapareceu e é transversal a toda a nossa sociedade. Os que sobram sentem-se “alienígenas” ou “outsiders”. Resta-nos respirar bem fundo e ir desabafando de vez em quando. Bj Amiga
ResponderEliminarQuanta razão tens, amiga! E ainda bem que sobramos nós, os/as "alienígenas". Somos poucos mas esforçamo-nos continuamente por lançar em nosso redor a semente da humanidade e mantemos viva a esperança que esta germine!
EliminarBeijinhos, querida amiga.