Cala, cala, cala essa língua atroz;
Cala-a que a tua dor é a de todos nós.
Silencia essa voz estridente
Que quem cala não consente
Mas consente-se a sentir;
Sente o que é seu,
O que é de toda a gente,
Sente até o que houve e o que ainda está por vir.
Nesse silêncio consciente
A tua voz calada
É a voz de todo o sempre.
Cala, cala, cala,
Cala tudo o que vês em nós,
Que o que em ti fica calado
Na solidão e no silêncio
É a nossa voz,
A voz de todos os que jamais estarão sós.